Bruxismo
Hábito parafuncional de ranger os dentes e constitui um dos mais difíceis desafios para a odontologia restauradora, sendo que a dificuldade para sua resolução aumenta de acordo com a gravidade do desgaste dentário produzido.
Fisiopatologicamente, o esmalte dentário é o primeiro a receber os prejuízos do bruxismo, e o desgaste anormal dos dentes é o sinal mais freqüente da anomalia funcional.
O padrão de desgaste dental do bruxismo prolongado é, freqüentemente, não uniforme e mais severo nos dentes anteriores.
A importância do bruxismo ainda se deve à sua relação com a dor muscular da articulação temporomandibular e alguns tipos de cefaléia.
Pode ser definido como um hábito parafuncional que consiste em movimentos involuntários ritimados e espasmódicos de ranger ou apertar os dentes, ocorrendo normalmente durante o sono.
Alguns autores dividem o termo bruxismo em cêntrico, ato de apenas apertar os dentes, ou excêntrico, onde além de apertar os dentes há também o ranger dos dentes, porém, ambos sempre involuntários.
Há discrepância sobre a definição precisa do bruxismo, alguns autores definindo-o como atividade parafuncional diurna ou noturna e outros alegando-o exclusivamente durante o sono. De modo geral diz-se bruxomania para definir esse movimento de apertar, ou ranger dos dentes, quando a pessoa se encontra acordada.
É importante destacar, para entendimento conceitual, que o bruxismo não é necessariamente uma doença. Trata-se mais de uma disfunção. É perfeitamente possível que alguns portadores de bruxismo não tenham maiores conseqüências para o sistema mastigatório. O aspecto mórbido ou doentio pode ser pensado quando este hábito funcional leva à algum prejuízo do sistema mastigatório ou desencadeia sintomas de desordens temporomandibulares, como por exemplo, a artrite temporo-mandibular (ATM).
O bruxismo noturno pode ocorrer em praticamente todos os estágios do sono, sendo observado predominantemente no estágio II e virtualmente ausente nos estágios III e IV, mais profundos. Quando relacionado ao sono, o bruxismo envolve movimentos rítmicos semelhantes ao da mastigação intercalados por longos períodos de contração dos músculos mandibulares. Essas contrações costumam ser fortes e até superar aquelas realizadas durante a mastigação normal consciente. Costumam durar o suficiente para produzir fadiga e dor muscular.
Incidência e Curso
Alguns trabalhos estimam entre 6 e 20% dos adultos e em torno de 14% das crianças a incidência do bruxismo. Entretanto, sinais e sintomas de bruxismo são observados entre 80% e 90% das populações estudadas, sugerindo que, ou essas pessoas apresentam bruxismo inconscientemente ou já o tiveram. Parece ainda que o bruxismo diminui com a progressão da idade, predominantemente depois dos 50 anos. Quanto à distribuição nos sexos, alguns autores encontraram uma maior freqüência do Bruxismo em mulheres.
Causas (Etiologia)
As causas normalmente estariam relacionadas a fatores psicológicos, como tensão emocional, agressão reprimida, ansiedade, raiva, medo, frustrações e estresse. A freqüência e a severidade do Bruxismo pode variar a cada noite, e parece estar altamente associado ao estresse emocional e físico.
Prognóstico e Conseqüências
Hábitos funcionais do tipo bruxismo costumam levar ao desgaste dentário, má oclusão severa, trauma oclusal, fratura dentária e dores em determinados componentes do sistema mastigatório. O bruxismo é considerado uma das causas das desordens temporomandibulares devido à possibilidade de desencadear dor ou disfunção na musculatura mastigatória e /ou articulação temporomandibular.
Tratamento
Atualmente a odontologia tem optado pela utilização de uma placa estabilizadora, de resina acrílica, que respeite os conceitos de máxima estabilidade mandibular em relação cêntrica e movimentos excêntricos harmoniosos através de guias específicas (protrusivas e caninas). A função da placa estabilizadora seria para proteger os dentes e demais componentes do sistema mastigatório durante as crises noturnas de bruxismo. Além disso a placa ainda reduziria a atividade elétrica de músculos elevadores da mandíbula, como masseter e temporal, reduzindo assim a atividade tensional.
Entretanto, a colocação de placas constitui-se num tratamento, digamos, sintomático. O ideal seria o tratamento dos estados tensionais, estressantes ou ansiosos que produzem o bruxismo.
Atualmente a Aplicação da Toxina Botulínica tem sido um tratamento com resultados promissores para controle do hábito. Vale a pena conferir essa opção com seu dentista.
Referências: Ballone GJ – Bruxismo, in. PsiqWeb. / foto bruxismo / lápis Revista da APCD.